sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Regime Escocês Rectificado

DEFINIÇÃO:

O R.E.R. nasceu em França, na segunda metade do sec. XVIII. Tem um aparente eclipse no sec. XIX e, resurge em força a partir de 1960.

A sigla R\E\R\, tanto identifica o Regime Escocês Rectificado, como identifica o Rito. Em stricto senso, um "Regime" é governado pelos "Altos Graus" e um "Rito" é baseado na igualdade entre os Mestres, ou seja, o Rito corresponde ao cerimonial maçónico em que as Lojas “Rectificadas” trabalham os seus "Graus Simbólicos".

Actualmente, o Regime Escocês Rectificado está organizado em seis graus que se distribuem do seguinte modo:
Nas Lojas Azuis, Lojas simbólicas da Maçonaria de São. João, trabalha-se com os seguintes graus:
· Aprendiz,
· Companheiro, e
· Mestre.
Nas Lojas Verdes, Lojas simbólicas de Santo André, trabalha-se o grau de:
· Mestre Escocês de Santo André.
Na Ordem Interior, ou perfeituras, trabalha-se com os seguintes graus:
· Escudeiros-Noviços, e
· Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa (C\B\C\S\).

Ou seja, este Regime divide-se entre uma Maçonaria Simbólica, com quatro Graus, e uma Ordem Interior de Cavalaria Espiritual Cristã e Maçónica.

É um Rito essencialmente Cristão. Mas, Cristão no sentido mais lato do termo. Dentro do Cristianismo, é um rito ecuménico embora seja restritivo a outras religiões, mesmo que monotéistas. Como é óbvio! Nas suas Lojas são admitidos como visitas, Irmãos de outros Ritos, sejam eles Cristãos, Judeus ou Muçulmanos, embora só dele possam fazer parte, como obreiros, cristãos, o que é lógico, já que em todos os trabalhos e juramentos está presente o Evangelho segundo S.João (incluindo nas Lojas de Santo André), aberto no primeiro Capítulo. Pelo que o Rito é fundamentalmente Joanita. Assim, podemos considerar que este está ligado à mensagem de Amor e Tolerância do Novo Testamento, sem detrimento da Justiça vinculada pelo Antigo Testamento.

Em termos de Herança Espiritual, podemos caracterizar este Regime como ligado à "Tradição Templária" e à "Gnose Cristã". Contudo, não é um Rito Católico, antes, é um Rito Cristão. Na verdade, podemos considerar que este Rito, é aquele que está mais próximo da Maçonaria Operativa de origem Medieval. Ou seja, é aquele que está mais próximo da Maçonaria anterior a "24 de Junho de 1717".

Numa Loja Simbólica, os obreiros, para além de se apresentarem com um avental e com as luvas, apresentam-se também com uma espada e um chapéu triangular, embora só a partir do grau de mestre se possam cobrir.

Quanto à organização do Regime, originalmente, os quatro primeiros Graus eram governados por um Directório Escocês Nacional, cuja autoridade máxima era a do Deputado Mestre Nacional (equivalente aos actuais Grão Mestres dos Grandes Orientes e das Grandes Lojas), ele próprio, dependente estruturalmente do Grande Priorado da Ordem dos C\B\C\S\. o qual governava directamente a Ordem Interior constituída por Comendadorias e Prefeituras de Cavaleiros.

Inicialmente, este Regime tinha mais dois "graus", os de “Professo” e “Grande Professo”, equivalentes a uma Classe Sacerdotal, que rápidamente e oficialmente desapareceram deste Regime.

Hoje em dia, em termos de Maçonaria Regular, os Grandes Priorados entregaram o governo administrativo das Lojas azuis às respectivas Grandes Lojas, conservando, ou devendo conservar a tutela ritual e simbólica das mesmas, através de Tratados de mútuo reconhecimento. Todavia, reservam para si próprios a tutela das Lojas de Santo André e a da Ordem Interior. Idêntica atitude, tem vindo também a ser observada pela Maçonaria dita não regular.

Em França, este Regime está regulado através de um acordo baseado neste princípio, isto é mantém protocolos entre os Grandes Priorados e o Grande Oriente de França e a Grande Loja Ópera. Todavia, o Grande Priorado das Gálias (G.P.D.G.), recentemente entrou em rota de colisão com a G.L.N.F., Grande Loja Nacional Francesa (Regular) não havendo por isso em França, de momento, um Grande Priorado internacional, maioritariamente aceite como regular, uma vez que o G.P.D.G. voltou ao modelo de Regime que se praticava no sec. XVIII, dado que chamou a si próprio o governo das Lojas azuis, administrando deste modo os seis Graus deste Regime.

Actualmente, existem Grandes Priorados de C.B.C.S., regulares, em Portugal (Grande Priorado Independente da Lusitânia, (G.P.I.L.), Prefeituras em Espanha (sob tutela de um Grande Priorado de K.T.) e naturalmente na Suíça, onde se encontra o Grande Capítulo Helvético (G.P.I.H.), o qual foi o repnsável por ter instituido em França o Grande Priorado das Gálias. Por curiosidade saliento, que presentemente, todos estes Grandes Priorados mantêm relações de amizade com os Grandes Priorados Anglo-Saxónicos de Knight Templars (K.T.) e Knights of Malta (K.M.).

Também na base da mais pura curiosidade, saliento que no passado, em Portugal, este Regime esteve também na origem da Grande Loja Regular de Portugal (Graus azuis), do qual ainda existe memória na Loja nº 1 da G:.L::R:.P:., R:. L:. Fernando Pessoa, a qual foi criada sob o nº 523 da G:.L:.N:.F:., hoje as suas colunas abatidas aguardam que mãos corajosas e determinas as ergam para glória da Maçonaria cristã. Quanto às Lojas de Santo André e à Ordem Interior, estas foram introduzidas pelo Grande Priorado Independente da Helvécia com a criação do Grande Priorado da Lusitânia.

FINALIDADE:

Desde a primeira hora da criação deste Regime, este teve como finalidade manter e fortificar, não somente a Ordem Interior, mas também as Lojas Maçónicas, azuis e verdees, com os seguintes princípios de base:
· Fidelidade á religião Cristã, fundamentada na fé da Santíssima Trindade.
· Adesão aos costumes, principios e tradições maçónicas e cavaleirescas.
· Ligação ao espírito do Cristianismo, pela procura constante e sistemática de conhecimentos relacionados com a fé cristã, e com o estudo da doutrina esotérica desta.
· Permanente aperfeiçoamento de si próprio, na prática das virtudes, com o fim de vencer as paixões, corrigir os vícios e progredir pela via da realização espiritual.
· Devotamento á pátria e disponibilidade incondicional para o serviço às comunidades desta.
· A pratica constante de uma beneficência activa e esclarecida perante todos os homens, seja qual for a sua raça, nacionalidade, religião, opinião política ou filosófica.

Na verdade, pelos princípios enumerados, considero que este Regime encerra um dos mais interessantes sistemas maçónicos, e pela "Génese Templária de Portugal", encontro nele muitos pontos comuns com a educação que recebi no “berço”. Contudo, embora este Rito se identifique mais com a nossa cultura ancestral, à partida, todos os Ritos são válidos. E tanto mais que pelo facto de praticarmos mais ou menos bem um Rito, não é a issencia da Maçonaria, uma vez que o mais importante para esta é sermos verdadeiros Maçons todos os dias e em todos os momentos da nossa vida.

Portanto, ao seguirmos os seus príncipios filosóficos, e ao mesmo tempo sermos também tolerantes, fraternos e justos, seremos assim inteiramente livres e dignos de deixar aos nossos filhos e netos um Mundo muito melhor do que aquele que recebemos dos nossos antepassados.